Ambientes inclusivos para autistas podem exigir adaptações; conheça lugares no DF que adotam medidas

  • 31/07/2025
(Foto: Reprodução)
O mês de abril é voltado à conscientização mundial sobre os direitos de Transtorno do Espectro Autista (TEA); o que inclui o benefício que pode reduzir a conta de luz em até 65% para famílias de baixa renda com autistas. Divulgação/ Equatorial Mães de crianças com autismo que moram no Distrito Federal relataram, na última semana, dificuldade para matricular os filhos em aulas de natação. Questionada pelo g1 e pela TV Globo, a rede de academias afirmou que não tinha capacidade para atender mais que um aluno autista por turma – e que essas vagas já estavam ocupadas. A empresa negou exclusão e preconceito, e disse que era "questão de segurança e qualidade no atendimento". ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 DF no WhatsApp. Especialistas ouvidos pelo g1 ressaltam que a acessibilidade para pessoas com transtorno do espectro autista é um direito estabelecido por lei. Mas, ao mesmo tempo, concordam que esse acolhimento requer adaptações. Alyni Macedo diz que teve dificuldade de matricular o filho na natação, em Samambaia. Doutora em educação e coordenadora da Rede Interuniversitária de Acessibilidade Cultural, a professora Carolina Gregorutti diz que há um movimento crescente de inclusão nos estabelecimentos do DF. "Os ambientes inclusivos, eles não são apenas aqueles que toleram a diversidade, mas eles se transformam a partir dela", destaca. 🔍 Neste texto, estamos usando as várias formas de se referir a uma pessoa com autismo (como diz a maioria dos profissionais). Há quem prefira usar "pessoa autista" ou "autista", por exemplo, por considerar o espectro autista como parte da identidade. O mais respeitoso, em cada caso, é perguntar como a pessoa prefere ser chamada. Os espaços adaptados e inclusivos para pessoas no espectro autista, com profissionais devidamente capacitados, ainda são minoria. Entenda abaixo quais são as adaptações necessárias – e veja exemplos de espaços no DF que já começaram a adotar essas medidas. LEIA TAMBÉM: Brasil tem 2,4 milhões de pessoas diagnosticadas com autismo, aponta Censo; homens são maioria Em um ano, 200 mil alunos com autismo foram matriculados em escolas comuns; falta de apoio a professores ainda é obstáculo Mãe de jovens autistas vai à Justiça, mas não consegue resolver barulho nas casas vizinhas O que é um espaço inclusivo para autistas? Para criar um ambiente apropriado, é preciso compromisso com três pilares fundamentais: acessibilidade sensorial, acessibilidade comunicacional; acessibilidade atitudinal. O processo começa pela escuta ativa – tanto das pessoas autistas quanto de suas famílias –, e reconhecendo que não existe uma única forma de ser autista. 🧩Acessibilidade sensorial Espaços inclusivos precisam considerar que pessoas autistas podem ter hipersensibilidade ou hipossensibilidade sensorial. Por isso, é essencial: evitar luzes fortes ou intermitentes reduzir ruídos e sons altos controlar a temperatura do ambiente (nem muito quente, nem muito frio) usar cheiros suaves e não invasivos criar um ambiente visualmente calmo, com cores suaves e iluminação indireta "É você pensar nos cinco órgãos dos sentidos e tentar amenizar cada um deles. O cheiro do ambiente, a luz do ambiente. A gente chama isso de um ambienta 'mais calmante', explica a professora Carolina Gregorutti. Exemplo de sala de regulação sensorial Reprodução 🧩 Sala de regulação sensorial O termo descreve um espaço separado e tranquilo, onde a pessoa possa se acalmar e se reorganizar. Essa sala pode ter: tapete macio puffs que “abraçam” cores calmantes, como azul claro luz indireta (como abajures) elementos visuais relaxantes, como "lava lamps" (luminárias com movimentação de bolhas) texturas nas paredes para toque e autorregulação aromas suaves e agradáveis, não invasivos 🧩 Comunicação acessível Nem todas as pessoas autistas se comunicam da mesma forma. Algumas usam a fala, outras se expressam por gestos, imagens ou tecnologia assistiva. Por isso, os espaços devem: oferecer recursos de comunicação alternativa, como pastas com figuras ou tablets ter profissionais preparados para reconhecer e respeitar diferentes formas de comunicação usar sinalização visual clara em todo o ambiente Em um ano, 200 mil alunos com autismo foram matriculados em escolas comuns 🧩 Acessibilidade atitudinal Nenhuma adaptação física será suficiente se as pessoas que atuam no espaço não estiverem preparadas para lidar com a diversidade. Isso inclui: respeito ao tempo e ao ritmo de cada pessoa autista formação continuada das equipes sobre autismo e neurodiversidade criação de protocolos de atendimento acessível construção de uma cultura institucional que valorize a inclusão como norma, e não como exceção Onde já funciona? Confira abaixo alguns espaços públicos e privados do DF que já adotam ações de inclusão para pessoas autistas: Parque Nicolândia Pessoas autistas têm acesso gratuito ao parque e uma pulseira VIP que garante lugar preferencial nas filas. Para isso, é preciso que a pessoa vá acompanhada de um responsável – que adquire a própria pulseira presencialmente por R$ 50 em dias úteis e R$ 70 em finais de semana e feriados. A pessoa no espectro autista deverá levar um laudo e o RG com identificação à bilheteria presencial. Não há idade mínima ou máxima para ter direito ao benefício. Cine Brasília Único cinema de rua no DF, o Cine Brasília criou a "Sessão Atípica" para exibir filmes para espectadores neurodivergentes – incluindo pessoas autistas. São duas sessões em um mesmo dia, em geral a última quarta-feira do mês. O ingresso tem valor fixo de R$ 10. Entre as diferenças para uma sessão normal: a luz da sala de projeção fica acesa; o volume sonoro é reduzido; o ar-condicionado é regulado para uma temperatura ambiente; é permitido circular livremente pela sala, sem bronca do lanterninha. Sala de cinema no Cine Brasília, no DF Agência Brasília Aeroporto Internacional de Brasília O Aeroporto JK é membro do programa Sunflower – iniciativa que reconhece e apoia espaços inclusivos. O terminal disponibiliza gratuitamente os cordões com estampa de girassol, usados para identificar pessoas com "doenças ocultas", e mantém equipes de atendimento capacitadas para lidar com todos os tipos de público, incluindo pessoas autistas. Há ainda assentos preferenciais para esse público, e o aeroporto não exige comprovantes ou laudos. Segundo a administração do espaço, a construção da sala de regulação sensorial está em "fase de finalização". Centro de Ensino Fundamental 102 Norte O CEF 102 Norte é uma das escolas públicas inclusivas do Distrito Federal. Além de agenda curricular especilizada e equipe capacitada, a escola oferece uma sala de regulação sensorial – chamada por lá de "sala do silêncio". Dia Mundial de Conscientização do Autismo e a importância do diagnóstico LEIA TAMBÉM: MASKING: Autismo: o que é camuflagem social, que dificulta diagnóstico em meninas DIREITOS DA PESSOA COM TEA: Autismo: cartilha mostra direitos de pessoas com o transtorno e como solicitar serviços no DF Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.

FONTE: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2025/07/31/ambientes-inclusivos-para-autistas-podem-exigir-adaptacoes-conheca-lugares-no-df-que-adotam-medidas.ghtml


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